18 de out. de 2013

Sofrimentos

Sofrer, por quê?

Tiago 5:10-11
"Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso."

A pessoa que serve a Deus em Jesus Cristo passa por sofrimentos?
Sim, sem dúvida.
Por quê?
Bom, pode ser, segundo a Bíblia, por vários motivos:
1º. Para a glória de Deus. Deus quer mostrar que os filhos d'Ele são perseverantes, deixando claro a todos que Ele tem um poder transformador na vida de um homem. Então, Ele permite um sofrimento na vida de alguém e, essa pessoa mantendo-se fiel, perseverante, animada, focada na vida eterna está deixando claro a sua fidelidade a Deus, que não está condicionada a uma vida perfeita, mas é sustentada pelo amor de Deus.
"Não preciso de uma vida perfeita para ser fiel ao meu Deus. Vou amá-lo mesmo que Ele não me dê aquilo que eu quero." O sofrimento causado pelo "espinho na carne" de Paulo é um exemplo. Não se sabe o que lhe causava sofrimento exatamente, porém era ruim como a sensação de um espinho na carne, e que não foi removido por Deus.
Outro exemplo é o de Jó. Na minha opinião, o livro de Jó está na Bíblia por um motivo simples: mostrar-nos que podemos passar por grandes sofrimentos sem ter cometido um pecado que venha a merecer tal sofrimento. E que com esse entendimento, devemos passar pelo sofrimento sem reclamar de Deus. O que é citado pela carta de Tiago, Jó como exemplo de paciência no meio do sofrimento.


2º. Por uma consequência direta dos meus pecados.
A Bíblia diz que todas as pessoas pecaram e precisam de Deus. Sim, ao olharmos com sinceridade para dentro de nós veremos que erramos muito, temos um egocentrismo arraigado à nossa natureza humana o qual temos que buscar superar cada dia. Se acreditamos nisso, então não podemos nos justificar diante de Deus em nada. Exigir de Deus uma atitude a nosso favor com base em nosso merecimento é impossível.
Mas há sofrimentos que passamos por pecados específicos que cometemos?
Sim. A Bíblia exemplifica essa relação em diversas ocasiões: alguns exemplos de personagens que receberam como castigo sofrimento como consequência de um pecado: Caim, Moisés, Davi, Jonas, o próprio povo de Israel.
O que precisa ser bem salientado é que, há uma relação clara e evidente entre o pecado cometido e o sofrimento consequente. Não há dúvidas por parte de quem sofre: a pessoa castigada geralmente sabe a relação causa-efeito entre o pecado que cometeu e o sofrimento que vem passando. Às vezes as dúvidas que surgem podem surgir por se tentar negar o pecado ou a sua consequência. Temos uma facilidade em diminuir a gravidade dos nossos pecados e associar isso a um Deus amoroso que não corrige de imediato mas que tem paciência. Sim, Deus é amoroso e paciente mas também é justo.
Jesus disse a uma pessoa a quem curou: "Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior." Aqui fica evidenciada que os pecados continuam a ter consequências seríssimas ainda hoje.

3º. Por uma necessidade de aprimoramento.
Pedro nos orienta a não nos assustarmos com o fogo que surge entre nós para nos provar, como se algo estranho estivesse acontecendo, explicando que Deus quer refinar nosso caráter assim como o ourives refina o ouro. Às vezes as pessoas pensam: "alguém fez algo contra minha vida, está dando tudo errado" ou "as forças do mão estão amotinadas contra mim, estou passando por algo que não está certo" ou "o que será que eu fiz meu Deus, para passar por uma provação destas?". Esses questionamentos são comuns, mas não podem representar mais do que alguns segundos de questionamento, porque podem nos deixar tristes, abatidos, inertes, espiritualmente mortos. Culpamos a nós mesmos, culpamos as pessoas, culpamos o reino das trevas, culpamos até mesmo o Senhor Deus quando, na realidade, deveríamos entender que aquela situação de sofrimento é uma prova de aprimoramento. Pedro já avisa, olha, quando você, cristão, passar por algo dificílimo, e você não entender a razão e começar a questionar tudo e a achar muito estranho lembre-se, é uma prova de aprimoramento. Não fique procurando culpados. Aceite pacientemente.

Alguns culpam o nosso inimigo por tudo. Sabe, as pessoas se enganam sobre o poder de Satanás e não entendem que o seu raio de ação é estrita e criteriosamente analisado por Deus. Ele não faz nada sem uma permissão de Deus bem específica. Essa verdade é evidenciada no livro de Jó.

Aceitar é difícil mas é a solução esse tipo de sofrimento. Mostra maturidade e eu sinceramente acho que aceitar de coração, parar de resmungar e seguir em frente pode diminuir a intensidade e talvez a duração do sofrimento.

CONCLUSÃO
De uma forma geral, sofrimentos podem acontecer na nossa vida até com certa frequência. Jesus avisou "neste mundo passareis por aflições". A melhor coisa que devemos fazer é tirar do nosso coração essa ideia de vida perfeita aqui nesse mundo. Mudar nosso conceito de sucesso, nosso conceito de êxito.
Aquela ideia que vem sendo difundida nas nossas igrejas de que o que Deus quer para nós é um emprego com um ótimo salário, uma casa própria linda, uma conta bancária recheada, uma saúde de ferro está completamente errada. Essa mensagem vem do coração de Satanás para transformar os filhos de Deus em crianças mimadas, focadas na vida terrena, inertes espiritualmente, encalhados na fé. E não adianta querer defender o evangelho da prosperidade com milagres, libertação e profecias. Esses não são sinais de vida com Cristo. A árvore se conhece pelos frutos, frutos aqui não significam almas, mas os frutos do Espírito: mansidão, amor, paciência. Pregar o evangelho, discipular e ver a obra transformadora do Espírito Santo é consequência de uma vida transformada por Deus, mas na Bíblia podemos notar que é possível alguém ser um pregador do evangelho, ver muitas pessoas salvas através da obra do Espírito Santo em suas pregações e mesmo assim não ser salvo: 1 Timóteo 4:16.
O conceito de êxito deve ser corrigido na igreja. Às vezes cheguei a pensar: cheguei na igreja, aceitei a Jesus como meu Deus e meu Salvador, meu caminho a Deus. Agora eu permaneço fiel e Ele vai me dar uma esposa linda, vai me dar um emprego, uma casa, um carro, muitos filhos, saúde a todos e muita paz. Dessa forma eu não preciso nem ir para o céu porque tudo aqui vai ser tão perfeito que eu prefiro ficar aqui mesmo... Errado! Sabe, Deus pode nos dar tudo isso, mas esse não é o objetivo da nossa fé. O céu ainda está por vir, e por enquanto temos muito trabalho: carregar  nossa cruz, passar por muitas provas difíceis ao ponto de estranharmos que visam refinar o nosso caráter, seguir no processo de santificação, lutar contra nossa carne e andar no Espírito, pregar o evangelho em tempo e fora de tempo por todo mundo e a toda criatura, orar sem cessar, meditar e manejar bem as Estrituras, expulsar demônios em nome de Jesus, operar milagres em nome de Jesus, não negligenciar o dom que nos foi dado, cuidar dos órfãos e das viúvas, controlar a língua, vigiar sem cessar.
Aí ajuntaremos tesouros no céu. Aí faremos a vontade de Deus. Aí obteremos êxito. Aí alcançaremos sucesso.
Se o conceito de êxito está bem claro em nossas mentes e corações, consideraremos os sofrimentos que passamos como um "fardo leve" e um "julgo suave", por mais difíceis que sejam as situações. "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não podem ser comparadas com a glória que em nós há de ser revelada."
Ou seja, o que Deus tem reservado para nós no Céu é bem melhor, não pode se comparar com o que passamos agora. Isso se realmente temos o Céu como objetivo de vida. Lembre-se: foi Deus quem criou a natureza tão linda, o céu, o sol, a lua e as estrelas, a perfeição dos animais, das praias, da natureza, o prazer de comer, a alegria dos relacionamentos. E é esse mesmo Deus quem está preparando morada no Céu para nós. Então, com certeza será muito bom, sem dúvida, muito bom mesmo. Eu quero ir pra lá, quero mesmo.

Corrigido o conceito de êxito, poderemos passar pelas aflições do tempo presente com alegria, sim, alegria que vem da confiança em Deus, uma confiança que nos faz descansar, esquecer os sofrimentos e nos alegrar no nosso Pai. Isso é típico de uma criança, que confia e esquece o sofrimento. E a alegria do Senhor é a nossa força. Alegrar em Deus mostra confiança e fé, o que nos deixa fortes. É a força na fraqueza como explica Paulo. É Deus, é Jesus em nós. 

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